
Projeto de expansão do Masp está previsto para 2024 e conta com 14 novos andares
A construção aumentará a área útil do edifício e trará novos espaços como galerias, salas de aula, reserva técnica, laboratório de restauro, restaurante, etc.

Reprodução/Aarquiteta
O Museu de Arte de São Paulo (MASP) está trabalhando em um projeto de expansão que visa ampliar a capacidade do prédio, e através de uma passagem subterrânea, interligá-lo ao prédio Lina Bo Bardi, arquiteta modernista com obras importantes no MASP, SESC Pompéia e no Teatro Oficina.
Com a realização do projeto, a instituição se tornará uma das mais modernas infraestruturas museológicas da América Latina. O projeto será totalmente financiado por doações de pessoas físicas e tem a entrega prevista para janeiro de 2024.
Com o objetivo de aumentar a estrutura física do museu, equiparando à sua ambição institucional, o projeto visa transformar os prédios de forma que eles atuem perfeitamente bem na realização de exposições coletivas e individuais, na publicação de catálogos, na promoção de seminários, oficinas e cursos, etc.
Desde a mudança da sede, que antes se localizava na rua sete de abril, este é o maior e mais significativo feito histórico do museu. Segundo o site oficial do Masp, a expansão irá aumentar em 66% a capacidade expositiva. O investimento é muito relevante para a cultura de São Paulo e do Brasil todo.
Com a expansão do prédio, a capacidade do público também será ampliada e isso resultará em mais pessoas conhecendo e admirando as mais de 11 mil obras entre pinturas, esculturas, objetos, fotografias, vídeos e vestuário de diversos períodos que o museu tem a oferecer.
Por limitações físicas, pouco mais de 1% do acervo do museu é exposto atualmente, mas mesmo assim conta com um cronograma culturalmente forte.
O professor de história, Jailton Macedo, comentou sobre a importância do Museu, e disse que essa começa na construção. "Acredito que o Masp, sendo o mais importante museu da América Latina, fala muito, por si só, da construção da arte da cultura em uma cidade como São Paulo", salienta.
Além disso, o professor ressalta que o MASP é um museu que tem obras dos mais importantes e renomados artistas do mundo. "A importância do Museu reverbera na história, na literatura, na filosofia e em todas as áreas do conhecimento desse país", disse.
Programada para estrear no dia 10 de dezembro de 2021, a exposição Ione Saldanha: A cidade inventada, é uma das próximas atrações programadas pelo museu. A exposição abordará a história de Ione Saldanha, sendo uma figura pioneira, porém sem o devido reconhecimento na história da arte brasileira do século XX.
Cumprindo os protocolos de segurança para evitar a propagação da Covid-19, o museu tem adotado medidas de distanciamento, uso de máscara e medição de temperatura. A compra dos ingressos também tem sido realizada de maneira on-line, evitando filas e aglomerações, e tornando a sua visita ainda mais segura.
A privação do acesso à cultura no Brasil

Reprodução: Angeli/Folha De São Paulo
O Brasil é conhecido pelas ricas culturas que cada região carrega em seus territórios, a pluralidade cultural é uma das características mais singulares dos brasileiros, entretanto nem metade da população tem acesso a essa diversidade. A cultura clama por mais valorização e recursos, visto que os investimentos não são usados corretamente para fazer a situação melhorar.
Existem muitas ONGs, projetos e artistas independentes que levam a cultura para pessoas de baixa renda, principalmente nas periferias, e que estimulam crianças e adolescentes a conhecerem mais sobre tudo o que a cultura pode oferecer.
Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), aproximadamente 70% dos brasileiros nunca foram aos museus ou centros culturais, 51% não frequentam shows de música e pouco mais da metade nunca foram ao cinema. Para alguns, ir ao cinema é um programa normal de fim de semana, para outros, um sonho distante que parece ser difícil de alcançar.
A desigualdade social é um dos maiores problemas em relação a falta de acesso à cultura. O investimento que se tem não é o suficiente para suprir todas as necessidades e, muita vezes, pessoas dependem de entradas gratuitas para poder participar de algum evento e até mesmo visitarem museus.
Os altos preços afastam o brasileiro da cultura, de poder usufruir daquilo que deveria ter um fácil acesso, e por isso que muitos dependem de projetos sociais para ter um lazer. Entretanto, esses projetos não tem um índice muito alto de pessoas, em razão da condição financeira que, na maioria dos casos, depende de doações, já que é um investimento independente.
Esses projetos são fundamentais, pois mesmo que atinja uma pequena parte da população, ainda consegue ajudar muitas pessoas. Por diversas vezes já ouvimos alguém dizer que graças a algum projeto ou ajuda, a pessoa conseguiu realizar o sonho de ser dançarino, bailarino, ator/atriz etc.
Infelizmente, falta muito investimento quando se trata de cultura, e isso reflete na quantidade de pessoas interessadas em fazer algo voltado para a arte, e a falta de acessibilidade e até mesmo recursos faz com que tenha pouca demanda de pessoas em museus, exposições de arte e centro culturais.
A diversidade cultural brasileira é encantadora. Há inúmeros estilos como dança, peças de teatro, manifestações religiosas, culinária, música e o esporte, que mais atraí o público, juntamente com a música.
Segundo a CNN Brasil, mais de 3 mil pessoas visitaram os museus de São Paulo desde a reabertura desse setor, provocado pela pandemia. Isso é pouco, comparado ao que o esporte e a música atrai em número de público em seus eventos, mesmo com a volta à normalidade.
Daniel de Jesus, de 34 anos, morador da cidade de Cotia, na grande São Paulo, relata sua visão sobre a privação do acesso à cultura, pois vem de família humilde e nem sempre teve oportunidade de frequentar lugares culturais, como pode hoje, se não fossem de entrada franca. Ele concordou em responder algumas perguntas para essa matéria. Confira a seguir:
- Quando foi que você entendeu que nem todas as pessoas tinham acesso fácil a eventos culturais (shows, museus, cinemas, etc)?
"Quando criança, como citei, venho de família humilde e até os 10 anos era filho único mas meus pais não tinham condições de me dar esses pequenos "luxos" pois já naquela época não era tão acessível. Hoje você encontre dezenas de ONGs, de projetos que são destinados a esse tipo de evento, o que acaba se tornando mais fácil de se frequentar".
- E qual a importância dos eventos culturais na vida das pessoas? Em que isso pode agregar?
"Em tudo, quando as pessoas ouvem falar de cultura pensam que é algo de outro mundo, que só os "mais inteligentes" têm acesso a museus, exposições de artes e não é assim. Cultura é tudo aquilo que agrega, desde o costume de algum estado até uma exposição de arte moderna. As pessoas esquecem que música, teatro, dança, pinturas e tantas outras coisas também estão relacionados a arte, e que isso está no nosso cotidiano".
- O que deveria mudar para esses programas serem mais acessíveis?
"Acho que todos concordamos que falta investimento. Sem investimento fica mais complicado das pessoas de baixa renda ter acesso a esse tipo de programa. O descaso é algo que deveria ser extinto.
As pessoas tem sede de aprender, de conhecer algo novo mas na maioria das vezes não têm condições de consumir aquilo e a situação em que o país vive hoje também não beneficia em nada. Se tem investimento, tem mais divulgação, mais acessibilidade, mais pessoas interessadas, mais pessoas consumindo; o que não deveria ser tão difícil de conseguir".
A reabertura do Museu da Língua Portuguesa
Fechado desde o incêndio, museu reabriu em agosto com novidades no prédio.

Reprodução/ FLICKR
O primeiro museu do mundo dedicado a um idioma exclusivo, ou melhor, o nosso Museu da Língua Portuguesa, ficou seis anos fechado por conta do incêndio que ocorreu em 2015. Agora, em agosto de 2021, suas portas voltaram a abrir com mais recursos, mais tecnologias e novos espaços.
O incêndio que aconteceu em 21 de dezembro de 2015, tomou conta de uma boa parte do prédio, o fogo que tinha começado nos primeiros andares, logo se propagou para os andares superiores. Por sorte, era segunda-feira e o museu estava fechado para visitantes, porém mesmo assim, houve a morte do bombeiro do Museu, Ronaldo Pereira Cruz, que faleceu após uma parada cardiorrespiratória.
Na época, Isa Ferraz, curadora do Museu da Língua Portuguesa, deu entrevista para o portal G1 lamentando a tragédia. "O museu é fruto de um trabalho de muitos anos, mudou paradigmas e virou referência internacional. Foi revolucionário não só pela tecnologia e formato, mas pela maneira de encarar a língua portuguesa. Aqui temos todos os arquivos de todo o conteúdo."
Como a maioria do conteúdo do museu era virtual, então foi possível recuperar bastante coisa. Aproveitaram a reforma também para ampliar o espaço, então, foram investidos cerca de R$ 80 milhões nas obras de reconstrução em parcerias com instituições privadas e o Governo Estadual de São Paulo.
Agora, o museu contará com um novo terraço, reforço nas instalações de segurança contra incêndio, terá vista para o Jardim da Luz e a Torre do Relógio, além das exposições, que foram revistas e ampliadas.
Mariana Santos, de 24 anos, formada em pedagogia, conta um pouco do seu retorno ao museu. "Tinha visitado o museu antes do incêndio, mas eu era criança, então não lembrava muito o que tinha visto. Mas se eu não soubesse que tinha acontecido o incêndio, e se não tivesse isso no próprio acervo, eu não saberia, já que o museu está bem preservado", diz Mariana.
Sobre sua exposição favorita, ela destaca que foi a parte que relata a história dos indígenas e palavras da nossa língua que tem origem indígena. "Trouxe histórias sobre as culturas que eu nunca tinha ouvido falar. O museu me fez conhecer uma parte da história que eu nunca tinha tido acesso", comentou.
O Museu da Língua Portuguesa é localizado na estação da Luz e funciona de terça a domingo, das 9h às 16h30. Devido à pandemia, os ingressos que variam de R$10 a R$20, sendo grátis apenas aos sábados, teriam que ser adquiridos apenas através do site e com agendamento, além do uso das máscaras, álcool em gel e distanciamento obrigatório.
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